Notícia publicada no Correio dos Açores online
"Manifestação no sábado em Ponta Delgada com adesão de mais de um milhar de pessoas: “Gerações à rasca” unidas contra a falta de estratégia política e económica que se vive no país"
Criado no Facebook, começou por ser um movimento da “Geração à rasca” mas que a pouco e pouco ganhou a simpatia de toda a população e agora populariza-se como a união de todas as “Gerações à rasca”. Assim, todos dão as mãos, sábado, pelas 15 horas, numa manifestação pacífica para sensibilizar os governantes do país e da região para as dificuldades que vive o povo, com a falta de estratégia política e económica dos governantes para resolver problemas como a precariedade no emprego, os baixos salários e as baixas pensões de reforma, a falta de médicos de família, o excesso de impostos...
Depois de nos anos noventa ter vingado a ideia de Portugal ter uma “Geração Rasca”, fruto do imaginário colectivo - e lançada por Vicente Jorge Silva - de que após o 25 de Abril, com tanta liberdade a vários níveis, a geração nascida depois de Abril de 1974 do século passado pouco contributo dava ao país, quer na sabedoria quer no respeito, hoje aparece a “Geração à Rasca”, porque todos têm dificuldades em manter o emprego, apesar de ser a melhor formada, em termos de escolarização. Temos milhares de licenciados que têm emprego fora das suas áreas de formação, com rendimentos mensais baixos, e milhares de licenciados no desemprego. Em contraste, outros milhares nem formação académica têm e figuram na lista dos trabalhadores indiferenciados, só que com a quebras na construção civil, na restauração e no sector hoteleiro o desemprego é o caminho que estas pessoas estão fazendo, com a agravante de que emigrar sem formação também não é fácil como o foi para a “Geração Rasca”. Contudo, desde que nasceu o movimento da “Geração à Rasca” evoluiu e agora deu lugar às “Gerações à Rasca”. Porque viver em Portugal não está a ser fácil para muita gente, devido à falta de emprego e aos cortes de austeridade, o movimento que nasceu no Facebook espalhou-se por várias cidades do país e Ponta Delgada não é excepção. Assim, no sábado, pelas 15h00, mais de novecentas pessoas confirmadas e mais novecentas indecisas – segundo a previsão – mas muitas outras se podem juntar vão manifestar-se pacificamente no centro de Ponta Delgada [Portas da Cidade] contra o “aperto de cinto” que o país vive.
Desencadear a mudança
Diogo Pereira, estagiário em Marketing e Multimédia, estagiário, e um dos organizadores da manifestação das “Gerações à Rasca”, em Ponta Delgada, disse ao Correio dos Açores”, tal como o manifesto que subcrevem, que o evento «pretende ser a manifestação de desempregados, «quinhentoseuristas» e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal”.
O subscritor do manifesto garante que o grupo de cidadãos de cidadãos está a promover a manifestação existe “para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa dos Açores e do País. Não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados.
Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável”. Caso contrário, refere, entre vários pontos, que “defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar. Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.
Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico”.
Mais adianta Diogo Pereira que a manifestação não pretende “transformar a nossa Democracia numa ditadura, ao contrário do que querem fazer passar, para acrescentar que “estão errados! Queremos, sim, chamar a atenção das entidades governamentais e fazê-las ver o sufoco em que vivemos, a situação precária e promíscua em que estamos. Não vamos eleger novos líderes nem demagogos, não apontamos o dedo a ninguém pois o mal e as decisões erradas vêm do passado”
Polícia reforça segurança
A Polícia de Segurança Pública já foi requerida para estar presente e fazer o controlo da segurança.
O Comissário Ruben Medeiros disse ao Correio dos Açores que não vai haver cortes de trânsito na cidade, pois até agora não há nenhuma indicação neste sentido. “A indicação que tenho é que os manifestantes vão concentrar-se nas Portas da Cidade”, mas se a manifestação alargar-se a outras artérias “o corte de trânsito pode ser uma possibilidade”, garante Ruben Medeiros.
O responsável da PSP pela área das operações afirma que vai haver um reforço policial mas só o estritamente necessário para garantir tanto a segurança dos manifestantes como das pessoas que circulam em Ponta Delgada “mas não vai ser nada de ostensivo nem exuberante, apenas teremos uma força policial de reserva a actuar para garantir que tudo corra bem”.
Autor: Nélia Câmara
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